TCC - Parte II

CONTINUAÇÃO . . . 

 

4.2 O DISCIPULADO PRATICADO PELA IGREJA PRIMITIVA

             Na era pós-apostólica e dentro ainda do conceito de era da igreja primitiva, considerando-se o período que vai do primeiro século até ao quinto século A.D. a Igreja continuava a experimentar um crescimento vigoroso. No livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, página 137 (23), consta que, “naquela época, os cristãos eram especialmente numerosos em toda a região da Ásia Menor. Na segunda década do segundo século, Plínio, governador  da  Bitínia  queixou-se  ao  imperador  romano, dizendo-lhe que os templos pagãos estavam completamente vazios por causa da influência da nova superstição (a fé Crista) que invadiu toda a Bitínia (At. 16:7; I Ped. 1:1).

 

(21) “Ensinando” originado da palavra grega “matheteuo” o que significa “fazer discípulos”.       

(22) Missiologia, PDF, Faculdade Teológica Nacional, Pg.27             

(23) Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, página 137    

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Um pouco mais tarde, Justino o Mártir escreveu: “Não há um povo, grego ou bárbaro, ou nenhuma outra raça entre os quais não se proclame a Jesus e não se faça orações ao Pai em seu Nome.”

Cerca do ano 200 A.D. Tertuliano declarou que “pessoas de todas as raças, condição e status social estão vindo para o Cristianismo.”   No  começo  do   século   terceiro   quando   o   império  romano  começou   a desmoronar-se, grande número de pessoas vieram para o Cristianismo.

Will Durant em sua obra Caesar and Christ, declara: “No caos e terror do terceiro século os homens fugiam da fraqueza do estado romano para consolar-se na religião, e a encontraram mais abundantemente no Cristianismo.” (24)

 

No começo daquele século o Cristianismo era dominante na província da Frigia e através da Ásia Menor, formando uma larga minoria da população. Os historiadores informam que no norte da África as conversões eram tão numerosas que se transformava em um verdadeiro movimento de massa. Antioquia, a mais antiga Igreja do oriente depois de Jerusalém, é um exemplo notável. João Crisóstomo, no quarto século, disse que a Igreja de Antioquia, correspondia a dois terços de uma população de 500 mil pessoas. O bispo Stephen Neill informa-nos que em grande parte do império romano a Igreja representava a metade da população no quarto século da era Cristã.” Diz ainda que “Durante o período de paz, de 260 a 300, a Igreja teve a oportunidade de estender largamente a sua influência por todo o império. Estas quatro décadas, justamente antes das perseguições movidas pelo imperador Deocleciano, foi um tempo de um crescimento sem precedentes.  O  historiador  Edward  Gibbon, em sua obra The Triumph  of  Christendom in the Roman Empire, informa-nos: “Convertidos  entraram aos  milhares  no  Cristianismo.  Em  quase todas as cidades foram construídas Igrejas, as quais não cabiam as pessoas que afluíam, diante do rápido crescimento e da multidão e prosélitos.” (25)  Naturalmente, um dos sérios problemas é que, em alguns casos, entravam no Cristianismo trazendo consigo o seu paganismo.”

Essa fase áurea de crescimento do cristianismo, certamente foi resultado da consequente coincidência com o início do declínio do império romano, onde, por não haver perseguições de cristãos na época do Imperador Constantino, quando o cristianismo atravessou décadas de calmaria sem sofrer  as  terríveis  perseguições  de  que  eram  frequentemente  vítimas,  calmaria  essa  que  prenunciava  o  terror  produzido  pelo  governo    do 

 

(24) Edward Gibbon. The Thriumph of Christendom in the Roman Empire (London, England: Allen and Unwin, 1981), 125.                                                                                                                                  

(25) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com

 

Imperador  Diocleciano,  no que foi chamado de “A grande perseguição”, ultima e talvez a mais sangrenta perseguição já efetuada contra os cristãos. De qualquer forma, o grande crescimento numérico da Igreja está mais ligado  a  obediência  às  ordens  dos  Imperadores  de  Roma  que, ao adotarem o cristianismo como religião oficial do Império, decretava sumariamente que o povo fosse batizado, e adotasse o cristianismo como religião oficial. Consequentemente, obedecia-se às ordens mais por medo do que por fé. Essa é uma época em que a Igreja, de perseguida tornou-se perseguidora; seus líderes que eram exemplares na igreja primitiva, agora eram corruptos; A Igreja que proporcionava liberdade aos fiéis, agora era escravizadora aos interesses do clero. Visivelmente, agora, podia-se observar a ausência de um discipulado cristão convincente, que fora substituído por um aliciamento que era fruto do terror .

 

4.3 O DISCIPULADO PRATICADO NA ERA MEDIEVAL

             A era medieval ou idade média compreende um período que vai desde o  século V até ao século XV; Esses 10 séculos da idade média podem ser também chamados de era da escuridão ou idade das trevas, e teve seu início com a queda do Império Romano. Sam Storms, em seu artigo “Uma visão geral da história da Igreja” dividiu essa era em dois períodos: Cristianismo Patrístico – 95 d.C. a 590 d.C.  e Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.    

  1. Cristianismo Patrístico – 95 d.C. a 590 d.C.   
  2. A Idade das Apologéticas – este período data desde 95 d.C., geralmente considerado como o ano quando o último livro do cânon do Novo Testamento (Apocalipse) foi escrito, até 325 d.C. e o Concílio de Nicéia.  Alguns  preferem 312 d.C., o ano em que Constantino se converteu ao Cristianismo. O Edito de Milão, em 313 d.C., pôs fim efetivamente à perseguição da igreja como um movimento minoritário e concedeu-lhe um status legal pleno, para ser igualmente tolerada com todas as outras religiões. Durante este período, a igreja se esforçou para se defender contra as ameaças do paganismo, tanto politicamente como teologicamente.
  3. A Idade das Polêmicas– de 325 d.C. até o aparecimento de Gregório (o último dos Pais da Igreja e o primeiro dos verdadeiros Papas), em 590 d.C.

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Seguindo a conversão de Constantino, a igreja “se moveu rapidamente da solidão das catacumbas  ao  prestígio dos palácios” ( Shelley ). Com o poder do Estado ao seu favor, a igreja começou a exercer sua influência moral sobre a sociedade como um todo. Com prestígio e influência política, contudo, veio também  a  corrupção  interna.  

O  Monasticismo  emergiu  em  protesto   desta secularização da fé. Em 392, o imperador Teodósio I estabeleceu o Cristianismo como a única religião legal do Império Romano. Foi durante este período também que as maiores controvérsias doutrinárias foram travadas e resolvidas em concílios teológicos sancionados pelo Estado.

 

  1. Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.
  2. A Idade da Hierarquia Papal ­ desde Gregório o Grande (590) até a divisão entre Oriente e Ocidente (1054), ou até Gregório VII (1073).

A principal característica desta época, frequentemente referida (talvez sem justificação) como Idade das Trevas , foi o estabelecimento e solidificação do poder da hierarquia papal Católica Romana.

  1. A Idade do Escolasticismo ou Sistematização– de 1054/1073 até o começo da Reforma Protestante em 1517. Durante este período, a doutrina cristã foi totalmente  sistematizada  através  da  filosofia  e  teologia  dos  sacerdotes, tais como Anselmo(1033-1109), Peter Abelard (1142), Hugo de São Vítor, Peter Lombard, Alberto o Grande, Duns Scotus, alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo ) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879. [Foi também durante este período que a igreja Oriental se dividiu da Romana (1054)] (26)

Este ano de 1054 marca o grande evento chamado de O Cisma do Oriente. Esse é o nome dado à divisão da Igreja Católica Apostólica Romana chefiada pelo Papa em Roma e a Igreja chefiada pelo patriarca em Constantinopla (antiga Bizâncio  e atual Istambul). O Cisma foi o resultado  de  um  constante  distanciamento  entre  as  práticas  cristãs  efetuadas  pelas  duas vertentes do catolicismo, além de representar uma disputa pelo poder

 

(26) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com

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político e econômico na região mediterrânica. Antes da cisão entre  as duas  igrejas havia  uma  unidade  entre  elas em decorrência da estrutura do Império Romano. Em Roma, localizava-se o papa, exercendo no continente europeu a autoridade máxima, além da existência de duas outras autoridades com o mesmo poder, um patriarca em Alexandria, no Egito, e outro patriarca em Constantinopla. O patriarca de Alexandria perdeu sua importância após a anexação do Egito ao Império Muçulmano. A partir de então, surgiria a Igreja Ortodoxa ou Igreja Católica do Oriente, com sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma. Até os dias atuais as igrejas permanecem cindidas, apesar de algumas tentativas de reaproximação realizadas desde o Cisma do Oriente. (27)

 

Torna-se claramente visível que a Igreja desse período, esteve centrada em torno de si mesma, sem com isso se preocupar com o tema evangelização ou discipulado cristão. O que mais se aproximou da ideia de evangelização nesse período, foi a instituição da Santa Inquisição, que levava os cristãos a confessarem sua fé Católica ou a enfrentar o terror dos tribunais inquisitórios que condenavam por heresias qualquer ideia que conflitasse com os interesses da Igreja. O terror gerado pelos interrogatórios dos tribunais inquisitórios explicava-se fartamente com a observação das torturas a que eram submetidos os infelizes que caíam em suas garras. Não era necessário qualquer tipo de prova de acusação, bastava uma denúncia que podia até ser anônima, para que os inquisidores iniciassem os interrogatórios sob torturas, as mais cruéis imagináveis, com o desfecho frequente de condenação e morte na fogueira. O que mais se aproximou da ideia de discipulado ou Missões, foi a instituição das Santas Cruzadas ou Guerras Santas cujo período abrange o intervalo do ano 1.000 até o ano de 1.500. Apesar de ter um cunho religioso, tinha também um cunho político e econômico. (28)

                                               “A  expansão  da  igreja no norte da Europa e o combate aos muçulmanos ocorreram  em  função  de  interesses  políticos e  por  questões   religiosas.               

 

27) Livro de Missiologia, Faculdade Teológica Nacional, pag. 153  

(28) PINTO Tales dos Santos, Idade Média, O cisma do oriente e a divisão do catolicismo. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/cisma-oriente-divisao-catolicismo.htm Acesso em: 30/07/2.018 às 13:12Hs

 

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                        As   cruzadas   iniciaram-se   em   1096   com   o   objetivo de expulsar os muçulmanos do sul da Europa e durou de certo modo até 1492, quando os mouros foram vencidos definitivamente. Podemos destacar sobre as cinco primeiras cruzadas armadas contra o domínio dos muçulmanos, os seguintes  aspectos históricos: – A primeira cruzada iniciou-se em 1096 e conquistou a idade de Nicéia, Antioquia e finalmente em 1098, conquistou Jerusalém (o alvo da cruzada),  numa  das mais sangrentas e violentas batalhas. – A segunda ruzada também rumo a Jerusalém foi um fracasso, e foi derrotada em 1187, quando   os   muçulmanos reconquistaram Jerusalém. – A terceira cruzada, chamada  cruzada  dos  Reis, iniciou-se em 1189 como reação ao fracasso anterior; também foi fracassada,  mas  obtiveram  um  acordo,  a  permissão  da  entrada  dos    peregrinos em Jerusalém. – A quarta cruzada iniciou-se em 1202  para  atacar os  muçulmanos no Egito, e fazê-lo de base para as operações  contra a Palestina. Contudo, ao passar por   Constantinopla, saquearam-na e tomaram e o poder. – A quinta Cruzada aconteceu em 1219, no Egito, cuja  Cruzada  teve  a  companhia  de  Francisco  de  Assis.  São lamentáveis os resultados  das  cruzadas  armadas.  Estes  resultados  trágicos   ainda   se  refletem no difícil relacionamento entre cristãos latinos e os orientais e entre os cristãos e muçulmanos. Elas   acentuaram a intolerância religiosa, e justificaram a   guerra   desde que em defesa da fé. Deram início às ordens monásticas militares, e fortaleceram o poder do papa na igreja ocidental. (29) “Do ponto de vista da história, todo o movimento das cruzadas foi um vasto fiasco”. (30)

 

Do livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, retiramos o texto que segue, ainda que com palavras nossas na descrição: “É importante registrar que os resultados das cruzadas são até hoje vívidos na memória dos muçulmanos e as cicatrizes que eles carregam dificilmente serão esquecidas. Entretanto, no início do século XIII, um monge chamado Francisco de Assis, realizou três tentativas de apresentar o Evangelho aos muçulmanos;

 

29  Livro de Missiologia, Faculdade Teológica Nacional, pag. 153          

30  Stephen Neill. História das Missões. (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1997), 177.           

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Após duas tentativas sem expressão, uma em 1212 no Marrocos e outra em 1214 na Espanha, uniu- se à quinta cruzada acampada no Egito em 1219. Essa iniciativa de Francisco de Assis representou o surgimento de um novo espírito nos métodos missionários da Igreja. A partir de então, os Franciscanos e os Dominicanos se destacaram no empreendimento da obra missionária. Ambas as ordens missionárias eram imbuídas de características bem distintas, pois, enquanto os Franciscanos vinculavam uma expressão de amor, simplicidade e alegria ao mundo cristão,  os  Dominicanos  apresentavam  características  mais  severas, objetivando ser intelectualmente competente  e  dedicada  à  conversão  dos  pagãos  em  especial por meio da

pregação, sendo   caracterizada por  um forte impulso missionário existente entre seus membros. Nessa época, entra em cena um dos nomes mais marcantes da história cristã medieval:            Raymond Lull”

 

O espanhol  Raymond Lull  deve  figurar como um dos maiores missionários na história da Igreja. Outros possuíram o ardente desejo de pregar o Evangelho aos muçulmanos e se necessário fosse, sofrer no cumprimento desta missão. Contudo, coube a Raymond Lull ser o primeiro a desenvolver uma teoria de missões, não apenas por desejo de  pregar o evangelho, mas para trabalhar com um cuidado pormenorizado na forma de fazê-lo. Lull nasceu em 1235, em Maiorca, uma ilha à costa da Espanha, no Mediterrâneo, cinco anos depois  de  os  Catalães (sob a chefia do rei Jaime, o conquistador) terem conquistado a ilha dos muçulmanos. Quando jovem, depois de  vários anos de uma vida devassa e promíscua, ele teve uma profunda experiência religiosa de conversão e a partir dali tudo mudou em sua vida.

 

A reação inicial de Lull ao chamado para o serviço cristão foi característico da era em que vivia. Ele dedicou seu tempo à vida   monástica – ao jejum, à oração e à meditação. A maior demonstração  de  amor  por  Deus,  segundo  acreditava,  era   viver  como monge recluso, completamente  separado  das  tentações  do  mundo.  Segundo  informa-nos Eliott Whight,(31) em sua obra  Holy  Company:  Heroes  and  Heroines,  sua   perspectiva   cristã mudou a partir de uma visão que ele teve: Uma visão, porém, tornou-o consciente de suas responsabilidades para com os que o rodeavam. Esta visão tornou-se o seu chamado missionário. Enquanto se achava numa floresta  à  sós  com Deus, bem distante das distrações do mundo, ele se encontrou com um peregrino que, ao saber da vocação escolhida por Lull, o

 

(31 Elliot Wright. Holy Company: Christian Heroes and Heroines (New York, USA: Macmillan Company, 1980), 234.

 

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repreende pelo seu egoísmo e o desafia a seguir para o mundo e levar a outros a mensagem de Cristo. Esta visão motivou Lull a dirigir suas energias para missões e, em particular, aos Sarracenos – os mais odiados e temidos inimigos da Cristandade. (32)

 

Ainda do livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional: “O tema central de todas as ambições e objetivos de Raymond Lull era a conversão dos muçulmanos à Cristo.

Primeiro, foi atraído pelos Dominicanos. Não encontrando, porém, apoio para os seus planos e empreendimento missionário, transferiu suas afeições para os Franciscanos. Lull era da opinião que a evangelização dos Sarracenos exigia três estágios condicionais.

Ou seja, sua abordagem missionária era tripla: Educacional, Evangelística e Apologética.

 Primeiro, No campo da Educação Missionária: Raymond Lull cria ser de fundamental importância que, para evangelizar os muçulmanos, os cristãos precisavam conhecer a sua linguagem. Com os recursos que conseguiu, Lull abriu um mosteiro em Miramar, na ilha de Maiorca com 13 monges Franciscanos e um currículo incluindo cursos na língua árabe e geografia de missões. Conforme informa-nos Stephen Neill, “em 1311 o concílio de Viena, cedendo aos argumentos de Lull, decidiu criar cinco colégios em associação com as mais famosas universidades do mundo: Roma, Bolonha, Paris, Oxford e Salamanca, para o estudo  das línguas do mundo muçulmano.” (33)  Segundo, no campo da Evangelização: Raymond Lull não foi o primeiro cristão a interessar-se pela língua árabe. Haviam existido notáveis linguistas na Espanha medieval e foi  por  meio de suas traduções do árabe para o latim que o conhecimento de Aristóteles começou a ser difundido no ocidente. Contudo, Lull foi decerto o primeiro a relacionar o estudo do idioma árabe com a evangelização.. Conforme aprendeu, uma coisa era pregar missões e outra coisa era praticar ele mesmo o que pregava. Ele cria que os cristãos deveriam oferecer um testemunho fiel e corajoso perante os Sarracenos, mesmo à custa da própria vida. Empreender a pregação do evangelho em países muçulmanos era decerto uma decisão perigosa, pois tal fato constituía, sob a lei islâmica, uma ofensa punível com a morte. O bispo Stephen Neill faz a seguinte assertiva: Lull não era um homem que formulasse pensamentos que não estivesse pronto  a   traduzir  em  atos.   Ele  fez  sozinho,  quatro  viagens  missionárias  para  pregar  o evangelho aos países muçulmanos do norte da África.

 

(32) Elliot Wright. Holy Company: Christian Heroes and Heroines (New York, USA: Macmillan Company, 1980), 234.

(33) Neill, História das Missões, 138.

 

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Na sua quarta viagem missionária em 1315, ele foi preso, agredido e apedrejado em praça pública na cidade de Bugia, na Argélia. (34)  

Elliot Wright em sua obra Holy Company: Christian Heroes and Heroines, comenta: Ele se achava no porto de Gênova para viajar para a Tunísia. Seus pertences se achavam-se a bordo do navio e multidões de conhecidos se apinhavam, todos prontos para uma despedida ruidosa.

Então, no último momento, ele foi engolfado pelo terror, com a idéia do que poderia acontecer-lhe naquele país muçulmano para o qual se dirigia. A possibilidade de suportar tortura, prisão perpétua, ou a própria morte, apresentou-se lhe com tanta força que não podia suportar. (35)  

Os temores de Lull quanto ao trabalho missionário na Tunísia não eram infundados.

 

A Tunísia era um centro poderoso do Islamismo na África do Norte que resistira a repetidas invasões. Os cruzados eram vistos com ódio e ressentimento. A chegada dele à primeira vez, não foi porém, acolhida com tanta hostilidade. Ele apresentou-se aos principais eruditos muçulmanos e solicitou depois uma conferência para debater os méritos relativos ao Cristianismo. Quando teve oportunidade de defender o Cristianismo, ele estabeleceu uma posição doutrinária que, era ortodoxa e evangélica, com pouca teologia medieval e um mínimo de ideias romanas.

Todo homem sábio deve reconhecer que a religião, para ser verdadeira, Atribui a maior perfeição ao Ser Supremo e não só transmite a mais alta concepção de todos os seus atributos, sua bondade, poder sabedoria e glória, mas demonstra a harmonia   e   igualdade   existente   entre  eles.  A  religião  deles  era  porém,  deficiente  por reconhecer apenas dois princípios ativos na Divindade, sua vontade e sabedoria, deixando sua bondade e grandeza inoperantes como se fossem qualidades indolentes, nãos sendo chamados para o exercício ativo. Mas a fé Cristã não podia ser acusada desta falha. Em sua doutrina da Trindade ela transmite a mais alta concepção da Divindade, como o Pai, o Filho e o Espírito Santo em uma simples essência e natureza. Na encarnação do Filho ela revela a harmonia existente entre a bondade e a grandeza de Deus; e na pessoa de Cristo demonstra a verdadeira união do Criador e criatura; enquanto na paixão que sofreu por causa de seu grande amor pelo homem, ela estabelece a harmonia daquele que por nós, homens, e pela salvação e restituição a nosso estado de perfeição, submeteu-se a esses sofrimentos e viveu e morreu pelo homem.(36)

 

(34) Ibid., 140

(35)  Wright, Holy Company,233. WINTER, R.; HAWTHORNE, S.C.; BRADFORD, K.D. (Ed)

(36) Edith Deen. Great Women and men of the Christrian Faith ew York: Harper & Row, 1959), 6.

 

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Terceiro lugar, no campo da Apologética: Ele queria que os Cristãos compusessem livros em que a verdade da religião Cristã fosse comprovada por razões necessárias. Ele foi impelido nesta direção, em virtude dos seus próprios encontros com muçulmanos cultos e devido a ter

obtido conhecimento dos pontos de vista muçulmanos. A teologia muçulmana havia desenvolvido a sua própria escolástica e tinham a certeza de demonstrar a verdade das suas doutrinas para lá da possibilidade de erro. Segundo assevera Wright, “Lull inventou um sistema filosófico para convencer os muçulmanos e os demais não-cristãos da verdade do Cristianismo.” (37) Lull foi um sábio e profundo entendedor de todos os sistemas filosóficos do seu tempo.

 

Conforme o testemunho de Tucker, “a contribuição de Lull como apologista cristão aos muçulmanos foi imensa. Escreveu cerca de 60 livros sobre teologia, muitos dos quais eram dirigidos aos intelectuais muçulmanos. O tema que maus desenvolveu se associava à doutrina de Deus. (38)  Apesar de Lull sempre afirmar que se aproximava dos muçulmanos com amor, sua mensagem era bastante ofensiva para o muçulmano, é claro. O historiador Kenneth Scott Latourette declara: “Um dos argumentos de Lull era apresentar os Dez Mandamentos como a Perfeita lei de Deus, e depois demonstrar nos próprios livros dos muçulmanos que Maomé havia  violado  cada  um  dos  mandamentos.“ (39)  Embora os muçulmanos fossem o principal objeto da paixão missionária de Lull, os judeus chamaram sua atenção. Os séculos XII e XIII foram manchados por terríveis histórias de antissemitismo Os judeus eram acusados de quase todo os males da sociedade e, como resultado, foram expulsos da França e Inglaterra naquela época medieval. – cujo castigo pareceu brando Conforme afirma Sherwood Wirt em seu artigo God´s Loved Ones: em comparação ao infligido pela inquisição espanhola. Aqui e ali, indivíduos mais ousados defendiam os judeus e entre eles achava-se Lull. Ele  os  abordou  com  amor, apresentando-lhes Cristo como o seu Messias e Mestre. A missão de Raymond Lull era experimentar se poderia persuadi-los, conferenciando com os seus sábios e manifestando a eles, segundo o método divinamente concedido, a encarnação do Filho de Deus e as três pessoas da Santíssima Trindade na unidade Divina da essência.

 

(36) Edith Deen. Great Women and men of the Christrian Faith ew York: Harper & Row, 1959), 6.

(37) Ibid., 235.

(38) Ruth Tucker, Até aos Confins da Terra (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1996), 54.

(39) Kenneth Scoth Latourette. The First Five Centuries (Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publisching Company, 1970), 213.

 

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Ele procurou estabelecer um parlamento de religiões, onde desejava confrontar face a face o monoteísmo pobre do Islamismo com a revelação do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

 

4.4 O DISCIPULADO PRATICADO PELAS IGREJAS CONTEMPORÃNEAS

 

             Conforme o artigo intitulado Uma Visão Geral da História da Igreja, de Sam Storms, esse período que se iniciou por ocasião da Grande Cisma do Oriente (1054) até  o começo da Reforma Protestante (1517) representa a saída da Idade das Trevas, nomeada como A Idade do Escolasticismo ou Sistematização – durante esse período a doutrina cristã foi totalmente sistematizada através da filosofia e teologia dos sacerdotes, tais como Anselmo (1033-1109); Peter Abelard (1142); Hugo de São Vítor; Peter Lombard; Alberto o Grande; Duns Scotus; alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo ) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879.  Adentramos então no período do Cristianismo Moderno.

Cristianismo Moderno – 1517 d.C. até o presente  

  1. A Idade da Reforma Protestante e do Confissionalismo Polêmico – da postagem de Martinho Lutero das 95 teses (1517) até a Paz de Westphalia (1648-50). “A paz de Westphalia representa um acordo assinado entre países europeus que encerrou a guerra dos trinta anos;

Em 30 de Janeiro de 1648 foi assinado o tratado de paz entre Espanha e os Países Baixos, e em 24 de Outubro do mesmo ano foi assinado o tratado de paz entre o Sacro Império Romano-Germânico, os outros príncipes alemães, a França e a Suécia.” (40)

 

Este período testemunhou o triunfo da Reforma Protestante na Europa (com o florescimento das quatro maiores tradições do Protestantismo antigo: Luterana, Reformada, Anabatista e Anglicana),  bem  como  a  reação  de  Roma  na  Contrarreforma  Católica e a influência dos Jesuítas.  O  século  XVII  foi  caracterizado  pelo  desenvolvimento  do  escolasticismo  e  da ortodoxia credal. “Escolástica ou escolasticismo (do termo latino scholasticus, e este por sua vez do grego σχολαστικός [que pertence à escola, instruído]) foi o método de pensamento crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias de cerca dos séculos IX ao XVI. Mais um método de aprendizagem do que uma filosofia ou teologia, a escolástica nasceu nas escolas monásticas cristãs, de modo a conciliar a  cristã com um sistema de pensamento  racional,  especialmente  o  da  filosofia  grega

 

(40) SALOMÃO Gilberto, Paz de Vestfália: Acordo entre países europeus encerrou a Guerra dos Trinta Anos… – Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/paz-de-vestfalia-acordo-entre-paises-europeus-encerrou-a-guerra-dos-trinta-anos.htm Acesso em: 30/07/2018, 13:51Hs

 

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 Colocava   uma   forte   ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições. A obra-prima de Tomás de AquinoSumma Theologica, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica.” (41)

Movimentos reacionários e reavivalistas emergiram nos últimos estágios deste período, parcialmente em oposição à aparente estagnação que se estabeleceu no meio de muito do Protestantismo.

  1. A Idade do Racionalismo e do Reavivamento ­– de 1650 à Revolução Francesa (1789).  Também conhecida como a Idade da Razão, visto que a ciência substituiu a crença no sobrenatural, à medida que a igreja ficou debaixo da influência poderosa do Iluminismo (no qual a razão era estimada acima da revelação).

Os grandes movimentos de reavivamento na Inglaterra (os Wesleys) e na América (Edwards e Whitefield) foram a melhor defesa da igreja contra a invasão do humanismo. 

 

  1. A Idade do Progresso – de 1789 até a Primeira Guerra Mundial (1914). Os primeiros anos deste período foram caracterizados pela reviravolta política (as Revoluções Americana [1776] e  Francesa [1789]) e  pela  transformação  social (a Revolução Industrial).  A emersão da alta crítica alemã e a publicação da Origem das Espécies de Darwin ativaram uma filosofia que ameaçava minar os fundamentos da ortodoxia. Foi durante os últimos estágios deste período que vemos a emersão do que é conhecido como um liberalismo teológico moderno.
  2. A Idade das Ideologias – de 1914 (Primeira Guerra Mundial) até os dias de hoje. Durante este período a pletora de novos deuses se levantou para competir pela fidelidade da mente secular. Comunismo, Nazismo, Facismo, liberalismo teológico (que foi desafiado pela reação da neo-ortodoxia Bartiniana), socialismo, ecumenismo, individualismo, humanismo estão entre as ideologias mais competitivas.

A igreja respondeu a este assim chamado modernismo com os seus próprios ismos , Fundamentalismo,   e   finalmente   o   mais intelectualmente    sofisticado    e    culturalmente Engajado, Evangelicalismo. Outros desenvolvimentos dignos de nota foram o Denominacionalismo e o movimento Pentecostal/ Carismático. (42)

 

4.4.1 A visão das Igrejas Históricas

Longe da intenção de apresentarmos as minúcias dos motivos que levam as Igrejas a

 

(41) https://pt.wikipedia.org/wiki/Escolástica  Acesso em 21/08/2017, 11:26Hs

(42) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com.  acesso em 17/08/2017, 22:47Hs

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 adotarem um modelo de discipulado cristão para aplicar nos seus cursos de discipulado, até porque isso tornaria esse trabalho muito extenso, vamos apresentar apenas um quadro resumido dos modelos escolhidos pelas principais Igrejas, começando aqui pela Igreja Luterana.
  1. a) Igreja Luterana
 “Ultrapassando a idéia inicial de um programa de instrução permanente, a ‘Consulta sobre o Ensino Confirmatório e Confirmação’, realizada em julho de 1974, constatando a necessidade do envolvimento da pessoa em um processo de aprendizagem em confronto constante com o Evangelho, pretendendo oportunizar a participação ativa das pessoas na missão de Cristo e objetivando possibilitar autêntica vivência do discipulado, em testemunho e serviço no mundo, propôs que, no âmbito da IECLB, se promovesse o “Catecumenato Permanente” como “processo de atuação da Igreja que visa a maturidade do cristão isto é, a sua libertação integral em Cristo, para vivência      do Evangelho em comunhão e consequente ação responsável no mundo”. 

 

Encaminhada esta proposição  como moção ao IX Concílio Geral da IECLB,  a mesma  foi  aprovada,  após  o  que  o  Conselho Diretor constituiu uma

comissão de estudos. Mediante o presente documento, a comissão faz depoimento dos frutos de seu trabalho. Logo evidenciou-se à comissão a grande amplitude e o extraordinário alcance do assunto, ambos arraigados na própria natureza do seu discípulo de Jesus.

            Sendo mais do que uma questão de métodos e de organização, sendo também mais do que a preocupação com um determinado setor de trabalho na IECLB, Catecumenato Permanente, diz respeito à vida do cristão como discípulo e, à vida da comunidade na totalidade do seu ser, isto é, ao “Discipulado Permanente”. LUTERANOS

 

portal, Site: http://www.luteranos.com.br/conteudo/discipulado-permanente-catecumenato-permanente-

Acesso em 30/07/2018

 

Catecumenato permanente – essa foi a opção de discipulado cristão adotado pelas IECLB (Igrejas Evangélicas Cristãs Luteranas Brasileiras) como modelo para ser seguido em suas Igrejas; em busca de informações mais abrangentes sobre a definição de catecumenato, encontramos:

O catecumenato é um sacramento que confirma e consolida a graça batismal e concede o dom

 

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especial do Espírito Santo, unindo dessa forma o cristão a Cristo e à sua igreja.

 

Fonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Catecumenato – acesso em 25/02/2.018

 

  1. b) Igreja Anglicana 

Discipulado Intencional. Esse é o título que a Igreja Anglicana (segundo a visão da Igreja Lusitana, comunhão Anglicana – Católica Apostólica Evangélica) reivindica para o seu modelo de discipulado.

 “Igreja comunidade de discipulos que faz discipulos e glorifica a Deus (S. João 15,8)

Na decorrência do seu 96º Sínodo Diocesano (Junho de 2016)a Igreja Lusitana assumiu um caminho de missão focado no «discipulado intencional». Fazer novos discipulos e fortificar a sua fé deve ser algo de natural e não de excecional no contexto da Missão da Igreja Lusitana.O foco no «discipulado intencional», hoje comum entre muitas tradições cristãs, parte da importante premissa de que o mundo necessita de Cristo, e a Igreja, na sua fidelidade à Missão de Deus, necessita de cristãos que assumam a sua fé e se comprometam com as realidades, desafios e oportunidades que o tempo de hoje coloca à fé cristã.

 

Cinco são os eixos para o «discipulado intencional» até ao Sínodo de 2018

-(re)descobrir o sentido e a finalidade do discipulado à luz da promessa e mandamento de Jesus Cristo;

– enquadrar o discipulado cristão no contexto das Cinco Marcas de Missão da Comunhão Anglicana e no contexto das esperanças e necessidades do Mundo em que vivemos;

– ajudar ao assumir da condição de discípulo de Cristo em todas as áreas da vida do crente;

– promover meios e recursos que facilitem a evangelização e o fazer de novos discipulos pelas paróquias locais;

– sustentar o discipulado através da oração individual e coletiva.

 

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Portal Igreja Lusitana, comunhão Anglicana, discipulado intencional, disponível em:

https://www.igreja-lusitana.org/index.php/missao/tema-de-missao  acesso 25/02/2.018

 

  1. c) Igreja Presbiteriana 

            Conforme constatamos no site: http://www.iepj.com.br/a-visao-do-mda/   visitado em 25/02/2.018, a Igreja Evangélica Presbiteriana em Jandira está 100% na Visão do MDA. Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de  discipulado um a um em ação.

            O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar. Na Visão do   MDA cada cristão deve estar sendo e fazendo discípulos, participar de uma  Célula, abraçar a visão da Igreja Local, buscar a Unidade da Igreja Mundial e colocar em primeiro lugar o reino de Deus.

 

Outras Igrejas presbiterianas independentes, seguem modelos desenvolvido em suas próprias fronteiras, voltados especIficamente para seus próprios fiéis, embora seus modelos de discipulado estejam abertos para serem adotados por outras igrejas.

 

  1. d) Igreja Batista 

As Igrejas Batista, são adeptas do modelo de discipulado conforme a visão do MDA; A IGREJA BATISTA ÀS NAÇÕES está 100% na Visão do MDA. Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de discipulado um a um em ação, cada pessoa se torna um discipulo reprodutivo de Jesus Cristo. O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar.

 

Fonte: http://www.asnacoes.com.br/home/visao  acesso em 25/02/2.018.

 

us ou contra Deus? Talvez muitos não saibam disto, mas quem não está na visão da Igreja Local – ajudando a Igreja Local a crescer e multiplicar em quantidade e qualidade, está na realidade (mesmo que seja por omissão) trabalhando contra Deus. Isto é sério. Deus coloca máxima importância na Igreja Local porque a Igreja Local é o coração da Igreja do Senhor Jesus aqui na Terra.

e) Igreja Metodista 

 

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Sob  a  adoção  de  modelos  que  não  definem  claramente  qual  o  modelo  de  discipulado

adotado, fica um aparencia de que não pretende a Igreja como um todo ser comparada em seus métodos, mas, basicamente, pode-se definir que a visão MDA está presente pela sua similaridade com os métodos adotados.

 

4.4.2 A visão das Igrejas Pentecostais

  1. a) Assembleias de Deus 

            – Segundo o Pastor Jorge Albertassi,  “o Pastor da Igreja é o ponto de partida para a dinâmica do ministério de  discipulado; nesse sentido, o  progresso do  trabalho  do  discipulador depende muito da visão do pastor da Igreja.”

 

http://jorgealbertacci.com.br/licoes-biblicas-cpad—discipulado,-a-missao-educadora-da-igreja.html   acesso em 26/02/2018

 

– Segundo a Convenção Assembleiana do Paraná,  “o avanço do modelo celular em muitas igrejas evangélicas tradicionais tem causado preocupação principalmente em vários arraiais da denominação Assembleia de Deus, conhecida pelos seus traços mais conservadores em muitos aspectos litúrgicos e organizacionais. Um dos constantes embates que muito pastores mais antigos da Assembleia de Deus enfrentam trata-se da forma de praticar a evangelização usando métodos criados fora das porteiras assembleianas, como por exemplo, o Método Celular ou mais conhecido como igrejas em células.

O método celular é a base de crescimento das igrejas neopetencostais no país, diferentemente do método assembleianos que ainda continua, em sua maioria, utilizando os métodos mais tradicionais (cultos nos lares, cruzadas, evangelismo nas ruas, etc).

 

Fonte: http://www.cpadnews.com.br/assembleia-de-deus/37371/convencao-assembleiana-do-parana-repudia-o-modelo-de-igreja-em-celulas.html    acesso em 26/02/2018

 

Somente no Norte/Nordeste foi que encontramos Igrejas Assembléias de Deus que são adeptas do MDA, mais específicamente: Assembléia de Deus Ministério Libertação no Pará (Av. Francisco Macedo, Asdemil – Bairro: Santo Antonio); Assembléia de Deus Esconderijo do Altíssimo no Amapá (Av. Brasília, 1572 – Bairro: Nova Brasília); Assembléia de Deus no Maranhão (Av. Tancredo Neves, Nº 820 – Bairro: Vila Militar);

 

Fonte: http://portalmda.com/igrejas-associadas/   acesso em 26/02/2018

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Podemos  perceber  que  a  visão  central  das  Assembléias  de   Deus   está   focada   em   um desenvolvimento de discipulado cristão mais intimamente voltado para o desenvolvimento através de seus próprios pastores e ministérios.

 

  1. b) O Brasil Para Cristo 

            A Igreja O Brasil para Cristo em Paranaguá, no Paraná, apresenta ostensivamente em seu Site  http://www.obpcparanagua.com.br/a-visao-do-mda/discipulado-um-a-um/  acesso em 26/02/2018, a sua opção pelo modelo de discipulado do MDA;

 

  1. c) Congregação Cristã no Brasil     

            Não encontramos acesso a dados informativos sobre o assunto, seja em livros ou na internet.

 

4.4.3 A visão das Igrejas Neo Pentecostais

  1. a) A Igreja Universal do Reino de Deus – IURD: Centraliza a sua prática de discipulado na formação de obreiros e evangelistas que são enviados a campo em intensivo trabalho de evangelização; o preparo evangelístico é fundamentalmente mais voltado para atrair novos membros, aumentando o número de pessoas para frequencia na sua Igreja. Circulou na internet um vídeo onde um Bispo da IURD declarava que a sua preocupação com a obra do evangelismo estava centrada em atrair pessoas para a Igreja, focando mais a saúde financeira da Igreja, e que o discipulado acontece mais dentro dos Templos durante os cultos.

Fonte: ( https://youtu.be/dxR-4B6qbes)

 

  1. b) A Igreja Mundial do Poder de Deus– IMPD: apresenta um modelo de discipulado semelhante ao da Igreja Universal do Reino de Deus
  1. c) A Igreja Internacional da Graça de Deus – IIGD: apresenta um modelo semelhante à IURD e à IMPD, com  a ressalva de possuir uma faculdade, a AGRADE, para formação teológica; mas, a formação na faculdade AGRADE é voltada para Igrejas Interdenominacionais, ou seja, embora seja uma Faculdade Teológica para formação evangélica, fica restrita a alunos de todo o país que

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fazem sua matricula e pagam as mensalidades até que se tornem conclusos dos cursos escolhidos, independentemente de serem membros ou não da IIGD.

 

d) A Igreja Renascer em Cristo –
R12 – A Igreja Renascer tem sua visão fundamentada no ministério de Jesus Cristo, que deixou aos apóstolos um modelo perfeito para formação, desenvolvimento e crescimento da Igreja apostólica: o discipulado. O membro da igreja é encaminhado para um grupo de 12 pessoas, que são acompanhadas por um oficial da igreja, onde desenvolve amizade e é ministrado semanalmente. Essa, é toda a informação encontrada no site:

 

Site da Igreja Renascer em Cristo, http://www.renasceremcristo.com.br/ministerios/detalhes/12#.WpQdJ4PwbIU   acesso em 26/02/2018.

 

Podemos observar que os métodos de evangelização e discipulado cristão, no que tange às Igrejas Neopentecostais, são métodos específicamente mais voltados para formação de obreiros para o trabalho, tanto no átrio da Igreja –  a serviço da ordem e organização na própria Igreja, como para envio a campo – a serviço de atrair novos convertidos para as suas denominações religiosas, sem contudo aprofundar o conhecimento das Escrituras Sagradas, conforme os ensinamentos do Senhor Jesus, através de um legítimo processo de discipulado cristão. É nesse ponto que a Igreja peca em sua superficialidade pois deixa de produzir verdadeiros discípulos do Evangelho, gerando frutos para o Reino, para produzir discípulos para suas próprias concupiscências, gerando frutos apenas para si próprias em detrimento do Reino de Deus.

 

CAPÍTULO V

5.1 UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO

            Relativamente às práxis das Igrejas históricas e tradicionais pentecostais, mais diretamente envolvidas com projetos de discipulado cristão, vemos que essas Igrejas procuram sempre uma forma mais adequada para alcançar o homem levando a ele essa visão de se entregar a Jesus e viver segundo as Suas ordenanças para uma vida plena em conformidade com o Evangelho, com vistas à salvação. O mesmo não acontece quanto focamos as Igrejas Neopentecostais, conforme poderemos ver abaixo no ítem 5.1.5. De qualquer forma, o que apresentamos a seguir demonstra que não existe um consenso com relação à melhor forma de implantar um projeto que seja satisfatório a todas as vertentes

 

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evangélicas, pois a cada modelo apresentado, surgem inúmeras ponderações adversas para desestimular  a  procura  de  um  denominador  comum,  algo  que  satisfaça  as  mais variadas exigências denominacionais; certamente que essas objeções, ou ponderações adversas, refletem muito do “ego” daqueles que se sentem passados para trás ao verem o surgimento de uma nova práxis que não tenha sido iniciativa pessoal deles mesmos.

 

5.1.1 A TMI – Teologia da Missão Integral

            A idéia de Missão Integral foi inicialmente gerada no seio da Fraternidade Teológica Latino Americana, mas ganhou corpo realmente a partir do Pacto de Lausanne, na Suíça.

Conforme AQUINO, Rodrigo Bibo. Missão integral em poucas palavras. Joinville: BTBooks, 2013.  E-book  disponível  originalmente  em  www.bibotalk.com.br   “ No   ponto   sobre   a responsabilidade social da igreja, o Pacto de Lausanne afirma a condição soberana de Deus sobre a criação e a Sua justiça.

Dessa forma, seus filhos devem partilhar desse sentimento e lutar pela libertação dos oprimidos e marginalizados, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade, pois toda a humanidade é criada a imagem e semelhança de Deus, por isso, possui dignidade intrínseca. Atesta ainda que responsabilidade social e evangelismo fazem parte do dever cristão; ambos configuram o agir da igreja na criação. 43

 

Ao comentar essa resolução do pacto, Stott enfatiza que a ação cristã emerge da doutrina cristã, por isso, essa seção não se limita a dizer que os cristãos devem ter responsabilidades sociais, antes, ela parte de quatro doutrinas que exprimem o engajamento social do cristão: a doutrina de Deus, do homem, da salvação e do reino. 44 

Ao falar sobre Deus, nessa seção, o pacto realça sua ação libertadora em prol do povo. Ao resgatar a antropologia teológica, o pacto justifica a luta por justiça com base na igualdade entre os seres humanos como imago Dei, por isso, quem fere o semelhante, afronta o próprio Deus. Quando fala de salvação, Lausanne quer deixar claro que responsabilidade social não é igual a salvação, mas salvação é libertação do mal onde quer que ele atue. E, por último, ao mencionar a doutrina do reino, pretende- se trazer à tona o justo governo de Deus e a reta conduta dos seus súditos. 45

 

43  WINTER, R.; HAWTHORNE, S.C.; BRADFORD, K.D. (Ed) Perspectivas no movimento cristão mundial. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 782ss.

44 STOTT, J. John Stott comenta o Pacto de Lausanne: uma exposição e comentário. São Paulo: ABU, 1984. p. 28. Série Lausanne.

45 STOTT, 1984, p. 28ss

 

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A influência do espírito de Lausanne chegou ao Brasil em 1983 no primeiro Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE-83), em Belo Horizonte. Nas palavras de Manfred Grellert: O magno e frutescente Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em 1974, […] não  foi  somente um  evento marcante  na  vida  de 4.000 congressistas vindos de muitos países. Ele desencadeou um movimento de evangelização de grupos humanos concretos, que antes não contavam com a presença cristã significativa, como também deu impulso a uma reflexão teológica sobre assuntos relacionados com a evangelização do mundo. […]

Lausanne é um interessante experimento de convívio entre peritos em estratégia missionária (os práticos) e peritos em teologia (os teóricos);              convívio, aliás, por vezes tenso, mas frutífero e criativo. [o CBE-83] houve por bem tornar mais explícito o vínculo espiritual, teológico e missiológico que o   liga ao movimento de Lausanne, através de alguns textos básicos que surgiram   sob os auspícios da Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial

 

Vinte anos depois, em 2003, é realizado o Segundo Congresso Brasileiro de Evangelização, também em BH. Segundo Grellert, o Brasil ainda está aprendendo a fazer Missão Integral, pois ela mesma ainda está em construção. A marca do congresso foi “o compromisso com o evangelho de Jesus Cristo, nosso salvador e Senhor. Mas também o nosso amor por nossa terra, nossa gente e nossa cultura. O desejo de praticar a missão integral nos une”. Depois de Lausanne, ficaram evidentes duas maneiras de se entender a principal missão da igreja.

Os mais conservadores continuaram crendo que a evangelização é a principal tarefa da igreja, e outro grupo “começou a trabalhar na direção de que não há prioridade na missão da igreja […] tanto a evangelização como a ação social se completam, sem uma priorização entre elas”.

46 Aquino afirma: “Parece-me que o conceito de missão está fortemente ligado ao texto de Mc 16.15, onde a ênfase recai no IDE! É inegável que esse versículo inflamou corações a percorrerem o mundo anunciando o evangelho, contudo, amarrou missão com deslocamento geográfico, e isso, de certa forma, pode ser um problema. Ao fazermos uma tradução literal a partir do texto grego de Mc 16.15 descobrimos algo importante: “E disse a eles: Indo para o mundo inteiro proclamai o evangelho…”, o imperativo do versículo não é o ir, mas o proclamar. Se a ênfase é o proclamar, logo, não preciso me deslocar geograficamente, mas, onde estiver, posso viver minha identidade como igreja de Deus.” AQUINO, Rodrigo de. Rascunhos da Alma: reflexões sobre espiritualidade cristã. Joinville: Refidim, 2009. p. 67.

 

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Ainda segundo AQUINO, Rodrigo Bibo. Missão integral em poucas palavras. Joinville: BTBooks, 2013. E-book disponível originalmente em www.bibotalk.com.br  “A seguir, delinear-se-á algumas diferenças entre o modelo tradicional de missão e o modelo da missão integral;

No modelo tradicional a missão é concebida essencialmente como um cruzar de fronteiras geográficas com o propósito de levar o evangelho do “mundo ocidental cristão” para os “campos missionários” do mundo não-cristão (os paises pagãos).

Em outras palavras, falar de missão era falar de missão transcultural. O propósito da missão era “salvar almas” e “plantar igrejas”.

O papel da igreja local ficou reduzido a prover pessoas para a missão e dar apoio espiritual e econômico.

 

Esse modelo foi instigado no afã de cumprir Mc 16.15 e é inegável que, apesar de suas deficiências, este conceito de missão que prevalece nas missões modernas inspirou (e ainda segue inspirando) milhares de missionários transculturais a sair de suas terras para difundir as boas novas da salvação em Jesus Cristo. A partir da Missão Integral, o fator geográfico torna-se secundário; a única fronteira a ser cruzada é o que é fé e o que não é e isso só depende do anúncio da pessoa e obra de Jesus Cristo, independendo do local onde esse anúncio é feito. 47  Cada igreja é convidada a participar da missão de Deus, uma missão que tem alcance local, regional e mundial. Dessa forma, cada membro passa a servir aos interesses do reino de Deus, 48  e começa a entender que o objetivo da igreja não é crescimento numérico, abundância em bens materiais ou poder político, mas é ser um sinal histórico desse reino, que tem como emblema o amor e a justiça. Cumprir esse propósito é tarefa de todos os membros da igreja, sem exceção, que recebem do Pai dons e ministérios para o exercício de seu sacerdócio; assim, testificam “do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo, no poder do Espírito, em função da transformação da vida humana em todas as suas dimensões, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.” 49 Desta forma, as dicotomias do modelo tradicional são superadas, e todos se descobrem como participantes da obra de Cristo, não importando o local, status social ou cargo eclesiástico. – redentora

 

47 KIVITZ, E. R. In: Missão integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo. Ultimato:

Viçosa, 2004. p. 64-65.        

48 PADILLA, 2009, p. 18-19.                              

49  GIBELLINI, R. A teologia do século XX. São Paulo: Loyola, 1998. p. 347-48

                                                                                

 

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5.1.2 A TDL – Teologia da Libertação

Conforme o livro Missão Integral em poucas palavras “O contexto de pobreza e discriminação social tornou a América Latina um solo fértil para o desenvolvimento de um labor missiológico que lutasse por justiça e igualdade.

Assim nasceu a Teologia da Libertação, que na década de 60 ganha força com a 2ª conferência do CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano, em Medellín e com o lançamento da obra Teologia da Libertação de Gustavo Gutiérrez, o primeiro tratado sistemático da TdL. 

 

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Leonardo Boff, um dos grandes articuladores da TdL afirma: A teologia da libertação procura articular uma leitura da realidade a partir dos pobres e no interesse pela libertação dos pobres; em função disso, ela utiliza as ciências do homem e da sociedade, medita teologicamente e postula ações pastorais que ajudem o caminho dos oprimidos.  51 Um dos esquemas metodológicos da TdL é o ver-julgar-agir. Esse método já tem uma história anterior e foi muito utilizado pelos movimentos de base nos círculos católicos desde a década de 50.  O mérito da TdL é a maneira científica com que esse método foi retrabalhado por Clodovis Boff o elevando ao nível teórico, viabilizando a reflexão teórica em cada um dos três momentos do  esquema. Assim, temos a meditação sócio-analítica, que aprofunda teoricamente o “ver”, a análise da realidade, o primeiro passo. Depois  temos a mediação hermenêutica, que aprofunda teoricamente o “julgar”, a interpretação teológica, o segundo passo. Enfim, teríamos ainda a mediação prática ou “pastoral”, que reflete sobre as implicações práticas dos problemas levantados. 52       

Isto é, na mediação sócioanalítica, o fiel engajado se apoia nas ciências sociais para ler a realidade que o cerca, geralmente sob a lente do marxismo. Se na patrística os teólogos utilizaram largamente a filosofia platônica para construir seus pensamentos, na TdL são as ciências sociais que nortearão seu agir local.

 

50  BOFF, L. apud GIBELLINI, 1998, p. 354.

51 1996. v. 7 Série Teses e Dissertações. p. 153.                                                           

52  GIBELLINI, 1998, p. 356.

 

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Com  mediação  hermenêutica  tem-se  a  interpretação  das  Escrituras  e  das tradições cristãs pautada pela situação política e social determinada, ou seja, lida com a mediação sócioanalítica. É nesse encontro que a leitura sociológica se transforma em leitura teológica da mesma realidade. Essa leitura do meio, de maneira sócio-teológica, visa servir a prática pastoral. GIBELLINI complementa: “A teologia da libertação foi elaborada a partir da opção básica pelos pobres e na articulação mútua dessas três mediações. As três mediações correspondem ao esquema tripartido – análise dos fatos, reflexão teológica, sugestões pastorais.” 53  Os pensadores da libertação tinham plena consciência de que não estavam apenas fazendo um novo pensar teológico, antes disso, um agir libertador. Os irmãos Boff enfatizaram que antes de fazer teologia, é preciso fazer libertação, viver comprometido com a fé e com processos libertadores, estar engajado na causa dos oprimidos. “

Sem essa pré-condição concreta a Teologia da Libertação vira mera literatura.”    53

 

5.1.3 TMI X TdL – Críticas e Refutação das Críticas de Plágio

 A TdL, mesmo partindo do contexto católico, exerceu influência no desenvolvimento da Teologia da Missão Integral. Isso é explicitado no uso bibliográfico que os teóricos da TMI fizeram dos teólogos da libertação. Orlando Costas fala da influência que teve do teólogo da libertação Segundo Galilea: Inspirado na obra de Emilio Castro, Hacia uma pastoral latino-americana e nos escritos do pastoralista católico, Segundo Galilea, proponho uma pastoral social, que toma a sério o caráter pastoral da igreja, a situação concreta dos povos latino-americanos, a herança da Reforma do século XVI e a tradição evangélica latino-americana. 52

A TdL e a TMI estão situadas no mesmo contexto sociopolítico e econômico; o que as diferencia é o sistema e o método teológico. A TMI nasce e pensa a partir do evangelicalismo latino-americano, por isso, seus pressupostos e motivações diferem.

Nas considerações finais sobre a TMI, o livro Missão Integral em poucas palavras explica que,  a  Teologia  da  Missão  Integral  visa despertar as igrejas a apresentarem o evangelho de

Jesus a partir do seu contexto.

São as perguntas advindas da América Latina que a Igreja latina deve se preocupar em responder.

 

53  MUELLER, 1996, P. 159.

54  COSTAS apud SANCHES, Regina Fernandes. A teologia da missão integral: história e método da teologia evangélica latino-americana. São Paulo: Reflexão, 2009. p. 53.

 

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O modelo tradicional de missão, importado, não leva em consideração o sacerdócio geral de todos os crentes e o fato de que toda a Igreja é missionária, e não somente uns eleitos por um presbitério ou conselho. Assim como o Pai enviou o Filho, assim o Filho nos envia (Jo 20.21) e através do Seu Espírito Santo nos capacita a anunciar a mensagem do Reino (At 1.8). A TMI é somente uma ferramenta para a prática dessa missão. Ela visa dialogar e olhar para o mundo, pois ele é o palco da atuação de Deus. A missão de Deus é missão no mundo. A igreja não faz missão, ela é missão. E é a única organização no mundo que carrega a mensagem de salvação que o ser humano precisa, por isso, ela não pode se preocupar em somente apresentar a salvação da alma, pois isso é parte do problema humano. Salvação na TMI é o resgate do ser humano das amarras do pecado, entranhado em todos os níveis da sociedade.

 

(CONTINUA – PARTE III)

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