TCC - Parte I
FACULDADE E SEMINÁRIO TEOLÓGICO NACIONAL
DISCIPULADO CRISTÃO: UMA VISÃO PANORÂMICA COM FOCO EM MÉTODOS E SOLUÇÕES PARA PEQUENAS IGREJAS E DISCIPULADORES INDIVIDUAIS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.
ROBERTO MAZZEI
SÃO LOURENÇO – MG
2018
ROBERTO MAZZEI
DISCIPULADO CRISTÃO: UMA VISÃO PANORÂMICA COM FOCO EM MÉTODOS E SOLUÇÕES PARA
PEQUENAS IGREJAS E DISCIPULADORES INDIVIDUAIS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.
TCC apresentado ao Curso de Mestrado em
Teologia Livre da Faculdade e Seminário Teológico
Nacional, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre.
Prof.
Roberto Mazzei
SÃO LOURENÇO – MG
2018
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia primeiramente ao Deus todo poderoso, na figura de Deus Pai: o único provedor de tudo o que sou e tenho; na figura de Deus Filho: meu único e suficiente salvador e na figura de Deus Espirito Santo: meu regenerador e sustentador, que tantas vezes me socorreu e levantou ao longo dessa estrada da vida.
E à minha esposa, Rosa Maria, pelo companheirismo e encorajamento que me possibilitou seguir até ao fim nesse caminho tão promissor que é servir ao nosso Deus todo poderoso.
SÃO LOURENÇO – MG
2018
RESUMO
Mazzei, Roberto. Discipulado Cristão: Uma visão panorâmica com foco em métodos e soluções para pequenas igrejas e discipuladores individuais do mundo contemporâneo, São Lourenço, MG, Março/2.018. 69 folhas. TCC (Mestrado em Teologia Livre) – Faculdade Teológica Nacional, São Lourenço, Março/2.018.
O tema desse trabalho objetiva registrar a imperiosa importância e necessidade de se manter o foco, por parte de Pastores, Missionários, dirigentes de Igrejas e todos aqueles que estão envolvidos com a Igreja, inclusive os seus membros, no treinamento, na divulgação e na disseminação da Grande Comissão que nos foi outorgada pelo nosso Mestre Jesus, quando ordenou:
“Ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado.” (Mateus.28:19,20);
<< Essa mesma ordem encontramos registrada também em (Mc 16.15), BKJA¹. >>
A abordagem que fazemos, evidencia um paralelo estabelecido entre as práticas da Igreja primitiva, a qual primava por um discipulado genuinamente cristocêntrico e as práticas hodiernas, as quais se distanciam enormemente da ideologia que nosso Senhor Jesus Cristo legou para seus discípulos, ao ponto de muitas vezes, sequer se assemelhar a um discipulado.
Entre as práticas da Igreja primitiva e as práticas pós-Reforma protestante, existem as práticas adotadas pelo monopólio religioso representado pela Igreja Milenar, a Igreja Católica Apostólica Romana, que representa o período considerado como a Idade das Trevas, sobre o qual também teceremos algumas elucidações.
Ressaltamos ainda que, desde a época da Reforma Protestante até meados do século XIX, o discipulado era fortemente cristocêntrico, e que só a partir de 1.900/1910 (aproximadamente, e coincidentemente ao advento do Pentecostalismo), é que começou a ganhar corpo uma nova prática de discipulado, o qual já não era mais tão fiel à visão da genuína Reforma Protestante.
Observamos aqui que não estamos vinculando o Pentecostalismo tradicional às práticas atuais de discipulado, embora isso se confirme com relação ao grande número de novas igrejas que surgem a cada dia, não só no Brasil, mas também em todas as nações, que são as chamadas Igrejas Neo-Pentecostais.
<< ¹ BKJA, Bíblia King James Atualizada, 2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana. >>
Em uma abordagem panorâmica, ainda que não em muita profundidade, dado o enorme número de informações existente sobre esse mesmo tema, nós iremos, de uma forma o mais sucinta possível, remeter a uma necessidade pungente de adequação das práticas de discipulado e de evangelização existentes, às necessidades de inclusão das pequenas Igrejas e das Igrejas Neo-Pentecostais que se encontram à margem desse processo;
Não é suficiente argumentar que material suficiente e processos da práxis do Evangelismo estão à disposição de todos os que se interessarem.
Considerando que uma enorme quantidade de pessoas está marginalizada quanto à evangelização e discipulado, podemos levantar os questionamentos: Por que então, existe um percentual tão alto de crentes e novos crentes que não são beneficiados? O que está dificultando para que possam ter acesso a essa prática cristã? Por que as próprias Igrejas e os discipuladores e evangelistas individuais, tema desse trabalho, não estão todos envolvidos no processo? O que pode ser feito para proceder a essa inclusão? Esses, são desafios que exigem perseverança para que sejam devidamente solucionados. Isso, é o que propomos que seja absorvido como necessidade urgente de implementação.
Palavras chave: discipulado.igreja.evangelização.comissão.cristocêntrico.desafios. pentecostalismo. inclusão.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………………………………. 1
1.1 METOLOGIA …………………………………………………………………………………………………. 4
1.2 ESCOPO ……………………………………………………………………………………………………….. 5
CAPÍTULO II
2.1 O MINISTÉRIO DE JESUS…………………………………………………………………………………… 5
2.2 A GRANDE COMISSÃO …………………………………………………………………………………….. 8
CAPÍTULO III
3.1 DEFININDO DISCIPULADO CRISTÃO ………………………………………………………………… 10
3.1.1 Segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18) …………………………………………….. 13
3.1.2 Segundo o Evangelho de Mateus (Mt 28.19-20) …………………………………………….. 14
CAPÍTULO IV
4.1 O DISCIPULADO PRATICADO PELOS APÓSTOLOS ……………………………………………. 16
4.2 O DISCIPULADO PRATICADO PELA IGREJA PRIMITIVA ……………………………………… 18
4.3 O DISCIPULADO PRATICADO NA ERA MEDIEVAL ……………………………………………… 20
4.4 O DISCIPULADO PRATICADO NAS IGREJAS CONTEMPORÂNEAS ……………………….. 28
4.4.1 A visão das Igrejas Históricas ……………………………………………………………………….. 29
4.4.2 A visão das Igrejas Pentecostais …………………………………………………………………… 32
4.4.3 A visão das Igrejas Neo-Pentecostais ……………………………………………………………. 34
CAPÍTULO V.
5.1 UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO ………………………………………….. 35
5.1.1 A TMI – Teologia da Missão Integral ……………………………………………………………… 35
5.1.2 A TDL – Teologia da Libertação …………………………………………………………………….. 38
5.1.3 TMI x DDL – Críticas e refutação das críticas de plágio …………………………………. 40
5.1.4 O MDA – Modelo de Discipulado Apostolar ………………………………………………….. 40
5.1.5 Modelo de Discipulado Neo-Pentecostal ……………………………………………………… 48
CAPÍTULO VI
6.1 NECESSIDADES PREMENTES DAS PEQUENAS IGREJAS
PENTECOSTAIS MODERNAS E DAS IGREJAS NEO-PENTECOSTAIS………………………… 57
CAPÍTULO VII
7.1 DELINEANDO UMA SOLUÇÃO INTERDENOMINACIONAL …………………………………. 58
CONCLUSÃO ……………………………………………………………………………………………………….. 60
REFERENCIAS ………………………………………………………………………………………………………. 64
1 INTRODUÇÃO
Nossas pesquisas para a realização desse TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, foram realizadas em livros e trabalhos acadêmicos, conforme registramos nas referências bibliográficas, e que estão mesclados sob os títulos de Discipulado Cristão, a Grande Comissão, Evangelicalismo, Teologia da Missão Integral, e outros títulos que são utilizados, mas que podem ser, todos, resumidos sob o único e mesmo tema da Teologia: A Grande Comissão ².
18 Então, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco até o fim dos tempos”. (Mateus 28.18-20) BKJA ³
Evidentemente, temos a plena consciência de que jamais conseguiríamos abarcar toda a extensiva literatura acerca do assunto em um único trabalho de pesquisa. Portanto, fazemos uma abordagem sem essa pretensão, sob o título que adotamos, com objetivo de estabelecer uma sequência elucidativa, a mais abrangente possível e culminando com a ênfase nas pequenas Igrejas contemporâneas.
Essas Igrejas, geralmente são desvinculadas das grandes denominações, e portanto na maioria das vezes sem condições pedagógicas e financeiras para um envolvimento mais abrangente com essa máxima que deve ser o foco prioritário de todas as Igrejas: A Grande Comissão.
E ainda devemos salientar que, na esmagadora maioria das vezes, são Igrejas com ideologia Neo-Pentecostal, cuja origem nada mais é do que o resultado desse nosso mundo contemporâneo, onde a sociedade humana evoluiu de forma tão assombrosa, mais especificamente nas Ciências e Tecnologia, entrando em um caminho até então anteriormente inimaginável.
Se nós recuarmos cinquenta anos no tempo, nos depararemos com outra época, outra sociedade, caminhando em um ritmo totalmente diferente do que se vê hoje.
Porém, nesses mesmos cinquenta anos recuados, encontraremos o princípio desse novo movimento religioso chamado de Neo-Pentecostalismo, que alterou tão profundamente o conceito de exercício da fé. E o resultado dessa nova influencia Neo-Pentecostal, literalmente invalidou toda a cultura evangelística pré-existente. Invalidou com relação aos seus fiéis, pois que agora, se por um lado as Igrejas tradicionais e históricas discipulam , pregam e ensinam o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, por outro lado as Igrejas Neo-Pentecostais pregam tão somente o evangelho da prosperidade ensinando fidelidade tão somente às suas igrejas e seus propósitos; é claro que sempre finalizando qualquer coisa que se diga com a frase “em o Nome de Jesus!”, como se nisso se resumisse todo o evangelho.
<< ²) A ordem dada por Jesus aos Seus discípulos(Mt. 28.19) BKJ,2002. >>
<< ³) Bíblia King James Atualizada, 2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana. >>
Levando-se em consideração o crescimento dessas novas Igrejas e o expressivo número de novos convertidos que se afiliam a elas, o qual é da ordem de milhões de pessoas, é que fazemos um aporte a alguns questionamentos sobre a viabilidade de organizar um evangelismo específico que possa os alcançar de alguma forma não os deixando marginalizados desse processo tão importante quanto o conhecer e prosseguir conhecendo ao Senhor propiciando assim um acesso simplificado e retomando o aspecto cristocêntrico de um evangelismo que não praticam ou ao qual tem sido levados a deixar de lado. Na abordagem que fazemos sobre a TMI – Teologia da Missão Integral, tecemos considerações aos seus aspectos mais relevantes e à sua gestão dentro do evangelicalismo latino-americano.
Cristologia significa literalmente doutrina ou discurso acerca de Jesus o Cristo. Christos corresponde à tradução para o grego do termo hebraico mashiah (O ungido de Deus). Originalmente, portanto, Christus (forma latinizada) não é um cognome da figura histórica de Jesus de Nazaré, mas uma confissão dela. Quem diz “Jesus Cristo” com seriedade confessa: Jesus é o ungido de Deus, o portador da salvação. O título “Cristo” representa, de modo vicário e sucinto, todas as predicações do portador da salvação (Filho de Deus, Salvador, Libertador, etc…) com as quais se tentou, tanto no passado quanto no presente, expressar quem Jesus é, e o que Ele significa para nós. A pergunta primordial da cristologia é: “Quem é esse, afinal?” (Mc 4.41). Está em pauta aí, o significado soteriológico de Jesus (Soteriologia: o discurso sobre a redenção ou salvação), portanto seu significado salvífico para o mundo e nosso posicionamento e nossa relação com ele. 4
<< 4 Schneider, Theodor (Org.). Manual de dogmática. Vol.1. Petrópolis: Editora Vozes, 2002, 2ª edição, 219 p. >>
Procuramos mostrar brevemente a sua história e a sua implementação, inclusive apresentando os posicionamentos contrários que são levantados procurando relacionar esse movimento do Evangelicalismo ao movimento da TdL – Teologia da Libertação.
Ousaremos também introduzir alguns questionamentos com respeito à eficácia no uso de todo esse material já existente com o principal intuído de chamar a atenção dos Teólogos hodiernos com o objetivo de centralizar esforços na elaboração de Planos de Discipulado que preencham os requisitos de simplicidade, facilidades de implementação, baixo custo de manutenção, com vistas a não onerar as pequenas novas Igrejas, desestimulando-as ou impossibilitando-as de se dedicarem a esse trabalho que é, cremos, dos mais importantes no campo da Teologia.
E é exatamente isso, a nosso ver, o que torna imperioso que se estabeleça uma frente de trabalho com o objetivo de proporcionar pedagogicamente um meio simplificado de ação dentro do contexto da evangelização ou discipulado cristão.
Existe sempre a tendência natural de se contra argumentar, e levantar questionamentos com relação à real necessidade desse tipo de procedimento, visto que o material já disponível relacionado à evangelização e discipulado cristão preenche totalmente as necessidades que se possam apresentar.
Entretanto nós podemos observar que, na prática, a esmagadora maioria das Igrejas pequenas não se utiliza desses materiais, e o motivo é que, em seu meio, faltam frequentemente pessoas habilitadas a lidar pedagogicamente com o ensino e com a organização dos materiais, pois isso demandaria muitas pesquisas até que se amoldasse o conteúdo dos materiais às normas critérios e possibilidades dessas pequenas Igrejas – cada Igreja procura ter suas próprias normas e critérios, aparentemente entendendo que é mais importante ter sua própria individualidade do que ter comunhão no Evangelho. E ainda há que se cuidar, também, da perspectiva do Evangelicalismo individual, o qual é praticado sem a direção eficaz, por parte daqueles que deveriam ser responsável pela sua orientação, geralmente os Pastores e suas pequenas Igrejas.
Podemos observar que o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo é instigante aos cuidados de uns para com os outros, por sermos membros de um corpo chamado Igreja e cuja cabeça é o Senhor Jesus. Refutamos de passagem, as ideias de crentes desviados quando dizem que nós somos a Igreja, e por isso, não precisamos frequentar uma Igreja. Na verdade, se formos separados da Igreja então seremos apenas membros aleijões, pois então, não teremos o corpo.
4 Pois assim como em um corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também, sendo muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos somos membros uns dos outros. (Rm 12.4-5)
16 Tende unanimidade de sentimentos entre vós; não com altivez de sentimentos mas condescendendo com os humildes. Não sejais sábios em vossa própria opinião. (Rm 12.16).
25 para que não haja divisão no corpo, mas que todos os membros se preocupem uns com os outros. 26 de maneira que, se um membro padece, todos os outros membros padecem com ele, e se um membro recebe honra, todos os outros membros se regozijam com ele. 27 Ora, vós sois o corpo de Cristo, e membros cada um em sua parte. (1 Co 12.25-27).
13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros pelo amor. 14 Porque toda a lei se cumpre em uma só palavra: Amarás teu próximo como a ti mesmo. (Gl 5.13- 14) Bíblia RVP. ( 5 )
Tal é o propósito e a reafirmada necessidade de um evangelismo eficiente e atuante – cumprir o desafio de eliminar as heresias que são consequentes à falta de uma eficiente e correta evangelização, enquanto busca alcançar àqueles que, nunca tendo sido alcançados antes pelo Evangelho, correm o sério risco de serem aliciados por um dos falsos evangelhos que estão tão em evidencia nos dias atuais.
Ao final, levaremos à percepção de que o que é mais imperioso atualmente, não é criar novas fórmulas ou formas para evangelizar, mas sim descobrir um meio de corrigir os rumos que evangelizadores neopentecostais estão imprimindo aos milhões de pseudo-convertidos que somente tem uma visão totalmente desassociada da evangelização cristocêntrica.
1.1 METODOLOGIA
A metodologia que adotamos para esse trabalho, consiste em fazer uma apresentação histórica de todo o processo de Evangelicalismo através do tempo; apresentamos assim um sucinto detalhamento sobre cada fase ou período que envolve esse processo de evangelismo quando feito pelos apóstolos, pela Igreja primitiva, na era medieval, na era pós-reforma e até chegar às Igrejas contemporâneas, onde simultaneamente, encontramos os processos adotados pelas Igrejas históricas, pelas Igrejas pentecostais e finalmente, pelas Igrejas neo-pentecostais, essas sim, as grandes deturpadoras do evangelismo cristocêntrico, conforme já comentamos na introdução desse trabalho.
<< ( 5 ) Bíblia RVP, Reina Valera em português. >>
1.2 ESCOPO
Apresentamos o escopo desse trabalho definindo-o em capítulos, assim relacionados:
- a)A INTRODUÇÃO propriamente dita, acrescida dos tópicos METODOLOGIA e esse ESCOPO que fazemos agora.
- b) CAPÍTULO I onde fazemos uma descrição do MINISTÉRIO DE JESUS, e sobre A GRANDE COMISSÃO.
- c) CAPÍTULO II, onde apresentamos uma definição sobre o Discipulado Cristão segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18)e segundo o Evangelho de Matheus (Mt 28.19-20)
- d) CAPITULO III, onde dissertamos sobre o discipulado praticado pelos apóstolos, pela Igreja primitiva, na era medieval, e finalmente nas Igrejas contemporâneas onde mostramos a visão das Igrejas Históricas, das Igrejas Pentecostais e das Igrejas Neo-Pentecostais.
- e) CAPITULO IV, onde, sob o título UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO, apresentamos os conceitos da TMI (Teologia da Missão Integral),conceitos da TDL (Teologia da Libertação) TMI x TDL (Refutação das críticas de plagio) e o MDA (Modelo de Discipulado Apostólico)
- f) CAPITULO V onde apresentamos as necessidades das pequenas Igrejas Pentecostais e das modernas e às vezes gigantes Neo-Pentecostais.
- g) CAPÍTULO VI, onde mostramos as necessidades prementes das pequenas Pentecostais modernas e independentes e das famosas neopentecostais.
- h) CAPÍTULO VII, Sob o título de DELINEANDO UMA SOLUÇÃO INTERDENOMINACIONAL, nosso proposito foi específicamente despertar os teólogos para criar métodos de atração que consigam corrigir o deturpado evangelismo de marketing pragmático tão usado e que torna milhões de pessoas alienadas do verdadeiro Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
CAPÍTULO II
2.1 O MINISTÉRIO DE JESUS
Durante todo o tempo em que Jesus divulgou o seu ministério, cerca de pouco mais de três anos, três anos e meio, em suas viagens e pregações, o Senhor se dedicava a anunciar o Seu reino, promovendo milagres e curas, ensinando nas Sinagogas, e discursando às multidões que o seguiam.
Entretanto, além de anunciar as Boas Novas – o Reino de Deus – e tornar conhecido o Seu Evangelho, preparava a posteridade, utilizando-se de um método de ensino muito peculiar. Tendo Jesus separado 12 discípulos que O acompanhariam de perto em Sua missão, e que permaneciam a Seu lado o tempo todo, sempre que se fazia possível os isolava e ensinava particularmente, revelando mistérios e detalhes sobre o Seu Evangelho que não eram revelados em público.
Em público muitas vezes ensinava por parábolas, mas em separado, traduzia essas parábolas para os seus discípulos, ensinando-os em todo o tempo. Dessa forma, preparava os discípulos para a época em que deveriam seguir em frente, sem a presença física de seu Mestre, continuando a obra de levar o Evangelho a toda a criatura.
16 Os onze discípulos rumaram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes determinara. 17 Assim que o viram, prostraram-se e o adoraram, mas alguns ficaram em dúvida. 18 Então Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. 20 ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos”. ( Mt 28.16-20) BKJA 6
“Jesus recebeu todo o poder de Deus, e do Senhor ressuscitado parte a ordem plenipotenciária: ‘Ide…’. Agora, esse envio não é provisório, limitado e transitório como em (Mt 10), mas definitivo, ilimitado e permanente. Rompeu-se o estreitamento étnico das sinagogas e abriu-se a Salvação (comunhão com Deus) para todos os povos, raças e culturas.
A comunidade de Jesus abrange o mundo inteiro, substituiu a ‘Velha Aliança’ pela ‘Nova Aliança’, que congrega toda e qualquer pessoa cujo coração creia no Senhor para ser convertido em discípulo. Jesus ensinou e demonstrou com a sua própria vida o que significa ser um discípulo do Senhor (obediência a Deus).
A tríplice ordem missionária (discipular, batizar e ensinar a discipular) é emoldurada pela garantia da onipresença de Jesus na alma daquele que crê (o crente). A essência da Igreja de Jesus é que o Ressuscitado continua vivo e atuante no indivíduo e na comunidade.
Ao orarmos, não é mais necessário buscarmos a Deus nos céus, mas sim, em nossos corações. A promessa da presença contínua de Deus é a chave de ouro com a qual vários livros da Bíblia são concluídos. (Ex 40.38; Ez 48.35; Ap 22.20)” 7
8
E não somente aos 12 apóstolos ensinava e enviava em missão de discipular, mas também enviava nessas missões outros discípulos que o acompanhavam, sempre preparando-os para quando não mais estivesse entre eles.
1 Depois dessas coisas, designou o Senhor também outros setenta e os envio de dois em dois diante Dele em toda cidade e lugar aonde Ele havia de ir. 2 E lhes dizia: A seara na verdade é grande; mas os obreiros, poucos; portanto, rogai ao Senhor da seara que envie obreiros para Sua seara. 3 Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforje, nem calçado; e a ninguém saudeis pelo caminho. 5 Em qualquer casa onde entrardes, primeiramente dizei: Paz a esta casa. 6 E se houver ali algum filho da paz, vossa paz repousará sobre ele; E se não, ela voltará sobre vós. 7 E permanecei naquela mesma casa, comendo e bebendo o que tenham; porque o obreiro é digno de seu salário. Não andeis mudando de casa em casa 8 Em qualquer cidade onde entreis, e vos receberem, comei do que vos ponham diante; E curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus. 10-12 […]. 17 Voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, até os demônios se nos submetem pelo Teu Nome. 18 E lhes disse: Eu vi satanás cair do céu como um raio. 19 Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada vos causará dano. 20 Mas não vos regozijeis porque os espíritos se vos submetem, mas regozijai-vos porque vossos nomes estão escritos nos céus. (Lc 10.1-20)
6 BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana
7 BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana, notas de rodapé, Pg. 1830,1831.
8 Figura O Sermão da Montanha, um dos mais importantes momentos do Ministério de Jesus. Final do século XVIII. Por Franz Xaver Kirchebner, em Ortisei, Itália. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/ministerio_de_Jesus Acesso em 30/07/2.18, 12:42Hs
E era assim, ensinando a discipular e enviando-os em missão de discipulado que o Senhor os preparava para alcançar o mundo com o Seu Evangelho; Isso é o que está registrado em (Mt 10.5-25), sobre o envio dos 12 apóstolos em missão; e está registrado em (Lc 10.1-20) sobre o envio dos 72 discípulos também em missão. Tratava-se de exercício de discipulado, entretanto, Já em (Mt 28.16-20), o Senhor distribuiu a ordem definitiva.
Pode-se observar pela abordagem que fazemos, que o nosso propósito ao descrever o ministério de Jesus é tão somente o de revelar o Seu enfoque missionário, preparando através do discipulado, aos apóstolos e aos discípulos que fazia, para que, depois de Sua morte, e obedecendo a vontade do Pai, esse fosse o método adotado para que o Reino de Deus ganhasse o mundo: Homens, discipulando homens, e propagando o Evangelho a toda criatura.
2.2 A GRANDE COMISSÃO
O envio de Jesus, caracterizado pela tríplice ordem missionária (discipular, batizar e ensinar a discipular) está muito longe de ser apenas o estabelecer Igrejas no cenário mundial, nacional ou regional, centralizadas na individualidade que tem caracterizado a esmagadora maioria das instituições em que elas tem se tornado.
9 Bíblia RVP, Reina Valera em português.
Na verdade, não se deveria sequer cogitar de aventurar-se nesse campo sem que se tenha um profundo respeito a cada um dos mandamentos implícitos nessa tríplice ordem missionária cuidando-se, minuciosamente, para que cada um deles seja plenamente observado e cumprido.
Só assim, pode-se descansar a consciência na certeza de estar cumprindo a determinação do Senhor. Pois que, se negligenciar-se qualquer um desses aspectos, estar-se-á incorrendo no mesmo negligenciar passivo de penalização que se observa na parábola da distribuição dos talentos.
14 Digo também que o Reino será como um Senhor que, ao sair de viagem, convocou seus servos e confiou-lhes os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a ouro, dois e a outro, um talento; a cada um conforme a sua capacidade pessoal. E, em seguida partiu de viagem. 16 O que havia recebido cinco talentos, saiu imediatamente, investiu-os e ganhou mais cinco. 17 Da mesma forma, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. 18 Entretanto, o que havia recebido um talento afastou-se, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro que o seu senhor havia confiado a seus cuidados. (Mt 25.14-18);
19 Após um longo tempo, retornou o senhor daqueles servos e foi acertar contas com eles. 20 Então o servo que recebera cinco talentos se aproximou do seu Senhor e lhe entregou mais cinco talentos, informando: ‘O Senhor me confiou cinco talentos; eis aqui mais cinco talentos que ganhei’. 21 Respondeu-lhe o Senhor: ’Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da alegria do teu senhor!’ 22 Assim também, aproximou-se o que recebera dois talentos e relatou: ‘ Senhor, dois talentos me confiaste; trago-lhe mais dois talentos que ganhei.’ 23 O Senhor lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da alegria do seu Senhor. 24 Chegando, finalmente, o que tinha recebido apenas um talento, explicou: ‘Senhor, eu te conheço, sei que és um homem severo, que colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou. 25 Por isso, tive receio e escondi no chão o teu talento. Aqui está, toma de volta o que lhe pertence.
26 Sentenciou-lhe, porém, o Senhor: ‘servo mau e negligente! Sabias que colho onde não plantei e ajunto onde não semeei? 27 Então por isso, ao menos devias ter investido meu talento com os banqueiros, par que quando eu retornasse, o recebesse de volta, mais os juros. 28 Sendo assim, tirai dele o talento que lhe confiei e dai-o ao servo que agora está com dez talentos. 29 Pois a quem tem, mais lhe será confiado, e possuirá em abundancia. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Quanto ao servo inútil, lançai-o para fora, às trevas. Ali haverá muito pranto e ranger de dentes. (Mt 25.14-30)
Trata-se nesse caso, de culpa por omissão. Existem muitas pessoas que estão ocupando banco na Igreja que frequenta, por ter tido a felicidade de receber um talento’ e mesmo assim o mantém enterrado sem gerar frutos para mais ninguém, em desconsideração à segunda parte do mandamento do Senhor Jesus que diz:
37 E Jesus disse-lhe: Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento. 38 Esse é o primeiro e grande mandamento. 39 E o segundo é semelhante a este: Amarás teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos, dependem toda a Lei e os profetas (Mt 22.37-40).
Entretanto essa culpa, por extensão, acaba alcançando as próprias Igrejas, porque tem se mantido acomodadas sem cumprir sua função de ensinar sobre a seriedade, o compromisso e a responsabilidade do discipulado cristão, ensinando e formando novos discípulos para que multipliquem o seu talento ao chamar novas pessoas, para manter assim esse círculo vivo pelo qual se propaga a mensagem do Evangelho. Por outro lado, se as Igrejas mantivessem o foco na obediência às Escrituras Sagradas, e observassem seus preceitos, seria naturalmente impossível desviar-se dos objetivos que o Senhor pretende alcançar através do Seu Evangelho.
Discipular, batizar e ensinar a discipular: Retornando a essas origens, infalivelmente o cristianismo voltará a experimentar o mesmo crescimento que conheceu na época da Igreja Primitiva.
Nesse momento, precisamos chamar a atenção de todos para a diferenciação que existe entre discipular e evangelizar, pois que estão longe de significar a mesma coisa.
10 BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana
11 Bíblia RVP, Reina Valera em português.
3.1 DEFININDO DISCIPULADO CRISTÃO
Torna-se útil agora, esclarecer uma diferença que existe no enunciado do Evangelho de Marcos (Mc 16.15,16), e o enunciado do Evangelho de Matheus (Mt 28.19,20).
É que essa diferença, apesar de parecer sutil, evidencia uma prática bem diferente no cumprimento da ordem anunciada pelo Senhor Jesus.
Isso a título de esclarecimentos, é apenas para efeito didático, pois na prática, é exatamente assim que a Igreja vem se comportando ao longo dos séculos: Diferenciando claramente o Discipulado Cristão praticado, do Evangelismo propriamente dito.
Podemos concluir daí que, pregar o Evangelho e fazer discípulos, são como que duas faces de uma mesma moeda, restando bem definido que a Igreja precisa pregar a Palavra e também fazer discípulos.
Se estabelecermos um paralelo entre o enunciado no Evangelho de Marcos e no Evangelho de Matheus, poderemos perceber claramente que, no Evangelho de Marcos a ordem é enfatizada no ‘pregai o Evangelho a toda a criatura’. Já no Evangelho de Matheus a ordem é enfatizada no ‘fazei discípulos de todas as nações’. O Pr. Kenneth Eagleton 12 diz que “Evangelismo e discipulado são atividades importantes na vida cristã de cada seguidor de Jesus Cristo e na vida da igreja.
É a maneira pela qual as pessoas passam a conhecer a Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas.
Sem estes componentes as igrejas locais estão fadadas a se tornarem irrelevantes, gradualmente perdendo a sua eficácia e entram em decadência. Evangelismo e discipulado devem ocupar um lugar de destaque na igreja, inclusive em sua programação e em seu orçamento […] Há muita falta de informação e confusão sobre exatamente o que vem a ser evangelismo e discipulado. […] Não basta alcançarmos as pessoas com o evangelho; elas devem ser também acolhidas e integradas à igreja.
Uma das grandes lástimas das igrejas evangélicas de nossos dias é ver um grande número de convertidos que frequentam a igreja e até se tornam membros, mas que não estão integrados à comunidade. Estes cristãos são passivos, comparecendo à igreja como espectadores, para ver, ouvir e talvez sentir a presença de Deus.
12 Pr. Kenneth Eagleton. Evangelismo e discipulado 2015.Campinas, SP
13 Mello, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 14, 22, 126,
Não têm compromisso com a igreja, não participam ativamente das atividades e das decisões do grupo, não assumem responsabilidades e não desenvolvem relacionamentos de fraternidade com outros membros.
Não há integração à vida da igreja. Podemos observar seguramente que esse comentário do Pr. Eagleton assume significado de Profecia, tão certo ele atinge o alvo.(grifo meu). […] Muitos novos convertidos infelizmente nunca se integram realmente à igreja e perdem-se muitos outros por falta de um discipulado organizado e de início imediato.
Cyro Mello 13 cita estatísticas levantadas por Valdir Cícego na Igreja Assembleia de Deus que indicam que 60% das “decisões” tomadas nas igrejas são perdidas nas primeiras 2 semanas, somente 10% chegam a se batizar e apenas 5% permanecem na igreja após 5 anos de conversão.”
Rick Warren, em seu livro Uma Igreja Com Propósitos (Editora Vida), 14 resume os propósitos da igreja local em cinco áreas principais: 1. Adoração a Deus (Jo 4:23), (Fp 3.3), (Ef 5.19), Cl (3.16). Culto – louvor – agradecimento – oração – contribuição – viver uma vida agradável a Deus – Somos instruídos a não negligenciar a reunião coletiva para adoração (Hb 10.25). 2. Comunhão: (1 Jo 1.3), (At 4.32), (Jo 13.3), (Sl 13.3.1), (1 Co 12.26) (compartilhando a dor e a alegria). 3. Discipulado: Ensino (Mt 28:20). Um dos dons concedidos por Deus à igreja é o de pastores e mestres (professores) (Ef 4:11) – visando a preparar e equipar o povo de Deus para o serviço. Edificação dos crentes (Ef 4.11-16), (Jd 20) – a distribuição de dons a cada membro da igreja visa à edificação de todo o corpo (não à satisfação pessoal). 4. Evangelismo e missões transculturais: Esta função envolve a proclamação da Palavra com o propósito de levar pessoas à conversão. A igreja é a ferramenta principal de Deus para alcançar um mundo perdido. (Mt 28.19,20); (Jo 20.21), (At 1.8; 4.19,20). 5. Serviço: tanto dentro da igreja como na sociedade. Ministrar às necessidades sociais da sociedade combatendo a fome, a ignorância, a pobreza e a injustiça.
Esta foi uma preocupação de Jesus: (Lc 4.18-21), (6.35,36), (Mt 25.34-40) – ele curou enfermos, restaurou a função aos que eram cegos e paralíticos, ressuscitou mortos e defendeu as crianças, as viúvas e os injustiçados.
A ação social foi também uma preocupação dos apóstolos (Gl 2.9,10), (Tg 1.27). Veja também (Gl 6.10), (1 Tm 6.11), (Rm 15.26).
Todos os cinco propósitos são essenciais para cada igreja.
Não é uma questão de se escolher um ou mais deles dizer que sua igreja tem somente este ou aquele propósito.
14 Rick Warren, em seu livro Uma Igreja Com Propósitos (Editora Vida)
Não se pode ser somente uma igreja adoradora ou evangelizadora e assim por diante.
Dentro de todas as igrejas, todos os cinco propósitos devem existir com equilíbrio. Isto é certamente um alvo a ser alcançado, pois a grande maioria das igrejas tem mais facilidade em uma ou mais áreas, mas raramente demonstram um equilíbrio entre todas elas. Tendo em vista os dons espirituais, é óbvio que algumas pessoas têm mais facilidade em uma área ou outra e é por isso que a igreja necessita dos dons espirituais de todos os seus membros.”
3.1.1 Segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18)
15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E esses sinais acompanharão os que crerem: Em Meu Nome expulsarão os demônios; falarão em novas línguas; 18 Pegarão em serpentes com as mãos; e, se beberem algo mortífero, não lhes fará dano algum; porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.(Mc 16.15-18) (15)
O grande desafio da evangelização é de ir até o pecador, e, apresentando-lhe a necessidade e o conforto do Evangelho, com carinho fraterno, fazer o convite, o chamado para ele que venha assistir os Cultos ao Senhor na Igreja.
Normalmente realizado por pequenos grupos formados dentro da Igreja, deve sempre ser supervisionada e/ou orientada por um Pastor ou por um membro da Igreja experiente nesse mister, pois assim não se incorrerá no grande erro que é muito praticado hoje em dia, que é o de tentar convencer um membro ou frequentador de uma outra Igreja a mudar para a Igreja de quem está “evangelizando”.
Isso seria o mesmo que tentar convencer o “evangelizando” a trocar de assento ou a mudar de lugar no Culto, porque afinal, esse já deve ser considerado um convertido – ele já está na presença do Senhor.
A única exceção se aplica aos casos em que a pessoa a ser evangelizada manifesta o desejo de não continuar frequentando a sua Igreja de origem, não importa por qual motivo. Não se deve dispensar material de apoio, tais como panfletos, jornais, etc… para que se obedeça ao máximo possível a um padrão pré-determinado;
(15) Bíblia Reina Valera em Portugues.
(16) Kerygma, proclamar, anunciar o Evangelho .
devem-se fazer reuniões para definir estratégias e trocar experiências entre o grupo, recepcionando e orientando os novos evangelizadores que irão chegando para somar ao grupo. O que não pode nunca ser esquecido é que o evangelizador não está convertendo ninguém, o seu papel é apenas o de anunciar o Evangelho a toda a criatura, pois o trabalho de conversão é totalmente a critério do Espirito Santo.
Ele sim é quem vai regenerar o pecador e trazê-lo para Cristo e isso será feito no tempo de Deus.
O seu chamado é apenas para ir e pregar (anunciar o Evangelho), muitas vezes para criaturas que somente germinarão para Cristo vários anos à frente no tempo, e alguns até só o farão nos últimos dias de sua vida. Reforçando: A sua função é de Kerygma (16) , palavra grega que significa proclamar e anunciar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
3.1.2 Segundo o Evangelho de Mateus (Mt 28.19-20)
19 Portanto, ide, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo; 20 ensinando-lhes a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que Eu estou conosco todos os dias até a consumação dos séculos. (Mt 28.19,20)
(17)
O discipulado Cristão está um passo adiante da Evangelização, porque, se a evangelização é um primeiro contato com o indivíduo a ser convertido, o Discipulado já envolve um trabalho muito mais minucioso porque o discípulo estará criando um vínculo, um compromisso de seguir e praticar os ensinamentos de Cristo incorporando-os em sua vida diária e vivendo-o em todos os momentos através de uma grande transformação de vida. “Alguns chamam de pré-evangelismo a instrução de doutrinas básicas da fé cristã. O pré-evangelismo é ao mesmo tempo tanto didático como apologético.
É didático porque se propõe a estabelecer as doutrinas fundamentais sobre o trino Deus, o que é a Bíblia, pecado, graça, perdão, expiação, céu, inferno, e tantas outras palavras-chaves que preparam o evangelizado para receber a verdade integral para a sua vida. Vivemos numa sociedade pós-moderna onde não basta apenas dizer: arrependa-se e creia em Cristo. É possível que você perceba que o discípulo carrega consigo uma carga enorme de conceitos estranhos e talvez anticristãos que recebeu em sua formação. É necessário redefinir palavras, com fidelidade à Escritura. Basicamente, os fatos se desenrolam em uma sequência muito nítida:
(17) Bíblia RVP, Reina Valera em português.
O novo convertido, primeiro foi evangelizado e começou a frequentar a Igreja; segundo, foi preparado para aceitar o Batismo assumindo um compromisso com o Senhor; terceiro, começou a aprender a “continuar conhecendo o Senhor” em um processo de Discipulado onde irá aprender a caminhar em obediência à Palavra e conquistando a sua santificação dia após dia.” […]
Uma igreja local saudável se desenvolve e cresce naturalmente.
Lucas narra que “a igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (Atos 9.31).
Quantas pessoas se converteram através da minha evangelização? É triste saber que há cristãos que nunca levaram ninguém a Cristo.
É óbvio que quem realiza a obra sobrenatural e regeneradora é o Espírito Santo, mas “Deus decidiu chamar pecadores perdidos através de pecadores perdoados”. O apóstolo João relata que André, após conhecer pessoalmente a Jesus, foi em busca de seu irmão Simão e “o levou a Jesus” (João 1.42). A igreja atual tem gradativamente perdido a noção de que cada cristão é um ganhador de almas.
Até mesmo a expressão “ganhador de almas” soa um tanto que estranho aos nossos ouvidos pós-modernos, mas era um termo muito comum até o fim do século 19. Esta expressão é uma menção à declaração do apóstolo Paulo, que disse: “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (I Coríntios 9.19). Somos cooperadores desta maravilhosa obra de reconciliação.
A Escritura declara que “somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Coríntios 5.20). Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados com Deus. Contudo, devemos regar a semente plantada, enxotar as pragas e ervas daninhas, e garantir não só a maturação dos frutos como a sua reprodução em novas plantas igualmente saudáveis. […] Os ministérios na igreja local são diversos e também diversos os dons. Portanto, o discipulado deve visar também os demais ministérios dentro da Igreja. Teremos como um resultado natural um número maior de membros envolvidos na evangelização, evitando a ociosidade e outros problemas consequentes.
A mente desocupada é produtiva oficina do diabo!
Nenhum ministério (serviço) é superior ao outro. Um ministério depende do outro. Todos os ministérios devem cooperar entre si. Dentro dessa visão, o discipulado ocorre em duas frentes. A primeira visa a edificação, o crescimento pessoal do indivíduo enquanto pessoa, filho de Deus e membro do Corpo de Cristo. A segunda objetiva fazer dele um obreiro, um cooperador, um multiplicador da vida de Deus em outros.
Os ministérios são fortalecidos quando um membro que tem determinado chamado, determinado dom, é acompanhado por alguém que já milita naquela direção. Por exemplo, um músico novo convertido acompanhado por alguém da rede de louvor e adoração será bem suprido tanto na vida pessoal como na sua inclinação vocacional. Da mesma forma, um professor crescerá e desenvolverá os seus dons (naturais e espirituais) quando caminha junto com alguém que flui nessa área. (18)
Essa descrição foi tão abrangente que não poderíamos fechar esse tema sem a sua completa transcrição.
CAPÍTULO IV
4.1 O DISCIPULADO PRATICADO PELOS APÓSTOLOS
Conforme a introdução ao Evangelho de Lucas descrito na Bíblia King James Atualizada (BKJA), Lucas foi o autor do Evangelho de Lucas e do livro Atos dos Apóstolos. É o único autor gentio que figura no Novo Testamento, tendo sido amigo e companheiro de ministério do Apóstolo Paulo, e o acompanhado em várias das suas viagens missionarias.
Mesmo não tendo sido testemunha ocular da vida de Jesus Cristo, andou com Deus e, cheio do Espírito Santo, foi missionário até a sua morte. Seus livros são fruto de pesquisas feitas junto a várias testemunhas oculares do ministério do Senhor Jesus, principalmente do Apóstolo Paulo a quem sempre acompanhava de perto, e foram primeiramente dirigidos a Teófilo, um alto oficial do Império Romano, que, segundo historiadores, patrocinou Lucas nesse projeto e investigação acurada de todos os fatos concernentes à vida do Senhor Jesus. No livro Atos dos Apóstolos, Lucas, o médico amado, faz a revelação de como os Apóstolos praticavam o conjunto formado por Evangelização, discipulado e Missão Apostólica, os doze Apóstolos, já considerando aqui Mathias substituindo Judas Iscariotes (At 1.26), tendo recebido a ordem do Senhor Jesus para anunciar o Evangelho (Mt 28.18-20), (Mc 15-18), (Lc 24.46-49), em Jerusalém, na Judeia e Samaria, e por toda a terra (At 1.8) que estabelecia A Grande Comissão. O Livro de Atos dos Apóstolos nos permite acesso ao melhor e mais eloquente registro sobre a expansão da Igreja de Jesus Cristo e da religião cristã, desde o dia da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. (19)
(18) Extraído, com adaptações, do livro Ide e fazei discípulos: fundamentos práticos para ser e fazer discípulos de Jesus, de Abe Huber e Ivanildo Gomes. Publicado em Fortaleza pela MDA Publicações e Premius Editora, 2012. pp.69-73. Site: www.revistamda.com/o-objetivo-do-discipulado/ Acesso em 11/07-2017
(19) BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana
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A Palavra Apóstolo significa enviado. Nesse sentido, todo missionário é um apóstolo. No II século da Igreja, os missionários eram chamados de apóstolos.
Contudo, esse título só pode ser aplicado aos 12 apóstolos de Jesus e ao apóstolo Paulo, o último dos apóstolos. A autoridade na vida dos apóstolos é a base da nossa doutrina. Eles foram as testemunhas da morte e ressurreição de Jesus. Foram as testemunhas cheias do Espírito e afirmaram que Deus, com a sua destra, elevou a Jesus, a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. A Igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo como pedra principal o Senhor Jesus. (Leia Efésios 2.20). Os apóstolos tiveram uma revelação clara de Cristo ( Leia Efésios 3.5). O Mandamento do Novo testamento foi entregue por Cristo aos Apóstolos (leia II Pedro 3.2). A cidade celestial está estabelecida na doutrina dos doze apóstolos (Leia Ap 21.14).
A igreja é chamada a perseverar na doutrina dos apóstolos (Leia Atos 2.42). A Igreja trabalha, ministra, faz discípulos segundo a doutrina e o modelo dos Apóstolos. Por esse motivo não aceitamos hoje pessoas se autodenominarem apóstolos. A missão específica de Apóstolo foi encerrada com Paulo, mesmo que depois muitos, na igreja, se intitularam apóstolos ou exerceram cargos denominados apostólicos. As decisões dos apóstolos são a nossa doutrina. Por exemplo. Em Atos 15 os apóstolos decidem pelo Espírito Santo que, os crentes não precisavam guardar as Leis e mandamentos de Moisés. Deveriam apenas fugir da idolatria, dos alimentos consagrados aos ídolos, da prostituição, da carne com sangue e da carne sufocada (Leia Atos 15.28,29). Hoje estamos debaixo da doutrina dos apóstolos. Conclusão: Os apóstolos não obedeceram a uma ordem que contrariava os princípios de Cristo, mas estimularam a obediência aos líderes. (Leia Hb 13.17). O princípio de autoridade espiritual é bênção para o discípulo. Cada discípulo tem uma autoridade espiritual sobre si. O discípulo precisa ser obediente ao seu discipulador. Toda rebelião a autoridade do discipulador ou do pastor gera maldição e abre brechas espirituais. Na visão do discipulado, crente que não obedece a seu líder é porque ainda não é discípulo e não aprendeu o princípio da legalidade espiritual. Sardinha, Edson Cortasio. Discipulado em Atos dos Apóstolos. Roteiros para Pequenos Grupos; Pg 33,34.(20)
Sempre sob a orientação do Espírito Santo, os Apóstolos e os discípulos pregavam destemidamente o Evangelho, seguindo fielmente o modelo de discipulado ensinado por Jesus.
.(20) Sardinha, Edson Cortasio. Discipulado em Atos dos Apóstolos. Roteiros para Pequenos Grupos; Pg 33,34
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Assim como Jesus, pregavam as Boas Novas nas Sinagogas, nos caminhos, nas praças e nas cidades em que chegavam, gerando um grande número de convertidos. Esses novos convertidos eram reunidos nas casas, discipulados na Palavra, batizados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e os que se tornavam discípulos assumiam o seu compromisso de estabelecer novas igrejas ou partir para discipular em novos lugares, novos povos, novas nações. Em cada núcleo que se formava, Apóstolos e discípulos acompanhavam a formação dos discipulandos ensinando-os (21) por um tempo que ia de alguns meses até alguns anos e só depois de firmados na Palavra é que seguiam adiante, em uma nova Missão.
“Paulo repetia suas exortações aos Filipenses (Fp 3.1) – o que há muito venho sendo exortado: que a evangelização agressiva ao estilo apostólico é necessária. Paulo previa que em determinado período na história da Igreja, haveriam de surgir grupos contrários à doutrina bíblica como única regra de fé, e tentariam adulterá-la, adaptando-a conforme as suas próprias concupiscências (Tm 4-3.4). Por esse motivo devia-se pregar, instar, redarguir, repreender e exortar com grande amor a tempo e fora de tempo, (2Tm 4.2), ou seja, cada oportunidade de anunciar o evangelho deve ser aproveitada com a máxima diligência.” (23)
É no livro de Atos dos Apóstolos que temos registrado o primeiro movimento de discipulado da era cristã. É também onde está registrado o mais amplo e profundo movimento de dispersão do Evangelho através das Nações do mundo todo.
Continua . . .